Um caso curioso

Eu estava trabalhando de volta no ateliê, fazendo telas outra vez . Um dia uma amiga da época de colégio me liga, e pede para eu ir ver uma tela do pai dela.
É uma família de italianos, o pai dela veio pequeno para cá, e lógico trouxeram muitas obras de arte da Itália. Fui olhar a tela, uma marinha muito bonita e bem pintada . Minha surpresa foi quando olhei atrás do quadro  ( restaurador adora olhar o verso da tela , pois é lá que se descobre muita informação sobre o estado de conservação ) e tive uma surpresa, a tela não tinha chassi !
Nunca tinha visto algo assim, a tela estava toda deformada, pois havia sido pregada diretamente na moldura !







O pai da minha amiga nunca tinha percebido isso, me contou que achava que o pai dele deve ter trazido a tela enrolada na mala e colocado numa moldura aqui no Brasil.
O difícil foi convencê-lo que era necessário fazer um chassis, com cunhas e que isso era um dos motivos do valor do restauro.


Normalmente quando pegamos uma tela para restaurar, o chassis tem que estar adequado para cada tela, o chassi com cunha é utilizado porque a tela normalmente se movimenta e o chassi deve movimentar-se junto. Quando uma tela tem chassi fixo, isso é pregado ou colado, sem cunhas, o melhor é sempre trocá-lo, para não haver a deformação da tela e por consequência o craquelamento e perdas da camada pictórica. Telas muito grandes necessitam de chassis com travas horizontais ou em cruz , dependendo do tamanho.






A saúde de uma tela depende de vários fatores, o chass , o suporte, a base de preparação, a camada pictórica e o verniz .E também do local onde ela fica, com condições climáticas adequadas.